Susa, a pequena joia italiana das montanhas
Foi um quase sem querer que meu namorado e eu encontramos a bela cidade de Susa. Estávamos viajando de carro pelo norte da Itália e íamos passar alguns dias em Torino. Achamos a cidade ‘meh’ e decidimos seguir em direção ao sul da França. Quando a grana é curta, o destino é escolhido a partir de ‘onde a gente pode ficar, entre aqui e lá, sem gastar muito’. Nessa hora, é importante comparar preço, localização e dar uma lida nas críticas do local para não cair em roubada. Encontramos o Centro Beato Rosaz, no centro histórico de Susa.
O Centro Beato Rosaz foi construído em 1840 e é um dos prédios mais modernos por aquelas redondezas. Ele já foi convento, orfanato, escola e hoje é a mistura de várias coisas. Gerenciado por freiras, além de acomodações para turistas, abre seu espaço para diversas atividades da comunidade. Com 22 quartos, o hotel fica cheio na temporada de esqui e relativamente vazio nas outras épocas do ano. Passamos duas noites lá, fora da temporada, e tivemos a impressão de que éramos os únicos hóspedes. Fomos muito bem recebidos pelas irmãs e nosso quarto era maior que o apartamento onde morávamos. Os móveis tinham cara de herança de família.
A maior parte dos turistas que vão a Susa são franceses a caminho das estações de esqui e é garantido que as pessoas tentem falar com você nessa língua quando está na cara que você não é de lá.
Susa foi uma surpresa para nós. É a cidade mais antiga dos Alpes e ruínas do Império Romano ocupam a parte histórica da cidade. Quem vai para Susa a procura de história certamente não se decepciona.
A poucos passos do nosso hotel, nos deparamos com um Anfiteatro Romano construído nos séculos II e III d.C. Uma das principais atrações da cidade é o Arco di Augusto, construído entre os séculos VIII e IX a.C. para celebrar a união entre Cozio, o rei de Susa, e o Imperador Romano. Na parte central da cidade está a Porta Savoia, que foi construída no séc II d.C. para proteger a cidade dos invasores. Grudadinha na Porta Savoia está a Cattedrale San Giusto, fundada em 1027.
Andamos por toda a parte histórica da cidade no primeiro dia. Nos perdemos nas ruazinhas de prédios centenários tentando imaginar quanta história aquelas paredes grossas já viram. Almoçamos em uma viela super charmosa e depois tomamos sorvete e vinho do porto, sem gastar muito, em uma gelateria logo atrás da Porta Savoia. No jantar, uma pizza simples e deliciosa acompanhada de vinho tinto no Plaza Café, pertinho da Igreja Madonna del Ponte – outra atração da cidade.
No dia seguinte, subimos o Mont Ceni de carro. Passamos por muitas ruínas e casas abandonadas. É difícil saber a idade das construções pelo caminho. Uma das irmãs que nos recebeu no hotel diz que muitas das casas que vimos eram usadas por viajantes e comerciantes antes da chegada do império romano na região. À medida que subimos a montanha a temperatura foi caindo e a quantidade de gelo aumentando. A meio caminho do topo, você sai da território italiano e entra na França. De cima da montanha, a vista para o Vale de Susa é incrível. Nós teríamos passado mais tempo admirando a paisagem se estivéssemos preparados para o frio e o vento.
Deixamos Susa no terceiro dia com vontade de voltar, sentar na praça e ver o povo passar.